quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Teoria U

Um professor do MIT, Otto Scharmer*, desenvolveu uma teoria focada na resolução de coisas complexas, o que é uma possibilidade para a gestão e liderança, princpalmente se a gente foca nos projetos de sustentabilidade. Essa é a Teoria U, que oferece uma perspectiva nova para o desenvolvimento organizacional. Primeiro, no entanto, é preciso responder o que são as tais das "coisas complexas". São situações em que o número de informações é muito grande, os atores são diversificados e com agendas distintas, construíndo cenários que são, adivinha... complexos! A teoria U, permite, então, compreender essas situações, sendo uma metodologia para o entendimento da coisas complexas. Abaixo vem a tradicional prolixidade informativa...







Segundo Scharmer, existem diversos tipos de problemas gerados pelas situações complexas:
-  dinâmicos, que ocorrem devido ao resultado lento da ação. Um exemplo é a poluição. Se pararmos de poluir hoje, o resultado da ação só será visto em anos, dificultando a compreensão.
-  sociais, nos quais há dificuldade de comunicação entre as partes.
- generativos, situações em que não é possível identificar o erro.


Para cada um desses problemas, Scharmer oferece uma solução distinta:
- para os problemas dinâmicos, estão as soluções sistêmicas: na quais você busca compreender o funcionamento do sistema para poder entender os resultados.
- já os problemas sociais encontram soluções inclusivas. Surpreendentemente, Scharmer afirma que quanto mais pessoas envolvidas, há maior diversificação e... aumento na cooperação!
- os problemas generativos têm solução emergente... que são trazer o futuro pro agora.


E é justamente no trazer o futuro para o agora que mora o "pulo do gato" da teoria U!  Em contraposição à todos os modelos existentes, a teoria U oferece o futuro, e não a simples análise do passado, como resposta. No final da compreensão da teoria, mesmo numa versão simplificada feito a que ofereço aqui, a máxima "não espere resultados diferentes se vocês sempre age da mesma forma" faz todo sentido.

 

A mudança ofertada pela Teoria U é baseada em três fases: SENTIR, PRESENCIAR e REALIZAR. O sentir vem da observação sem preconceitos da realidade. O presenciar, da capacidade de trazer soluções alternativas, além das superficiais. E o realizar é a capacidade de implementar essa mudança.


Para isso é necessário focar em três coisas: os eventos, que são O QUÊ ocorreu, o que aparece na superfície. O processo, que são COMO as coisas ocorreram. E a vontade, para identificar QUEM realizou as ações.

Assim, compreendendo eventos, padrões e modelos,  é possível realizar um mapeamento sistêmico. Assim como um iceberg, apenas 10% de tudo isso é o que vemos na análise normal das situações. Esses são os eventos. 

Contudo, a Teoria U explica que nosso primeiro entrave está justamente no SENTIR, impedindo que avancemos para as outras fases. Isso porque somos incapazes de ouvir sem que tenhamos idéias pré-estabelecidas de prejudicarão a compreensão da situação. Para compreender o modelo, o primero tipo de ouvir é o DOWNLOAD, no qual  atenção está em você mesmo. É a barreira incial. Ao invés de focar no evento, apenas, você compara aquilo aos seus preconceitos e modelos mentais, prejudicando  entendimento. Apenas quando há um desapego disso é que realmente se escuta.

O foco passa a ser, nessa nova fase, que é a do SENTIR, é no que não se sabe, o que permite o início do diálogo, desvendendo os padrões de comportamento.


A fase seguinte é a da PRESENÇA, no qual o diálogo é cooperativo e é possível perceber os modelos mentais, que são os valores, e o foco é no sentimento. O sentimento é o que gera o futuro.


A partir daí é possível, de fato, AGIR, periódo no qual ocorre a mudança.

Esses passos todos são explicados pelos cinco passos da Teoria U:

1. Coiniciar: ouvir o que a vida o convoca a fazer, conectar-se com pessoas e contextos relacionados a esse chamado, e convocar constelações de atores sociais centrais que coinspiram a intenção comum.
 No início de cada projeto, um ou mais indivíduos-chave se reúnem com a intenção de fazer a diferença em uma situação que realmente importa para eles e para as suas comunidades. Como estão juntos em um grupo central, eles mantêm uma intenção comum em torno de seu propósito. O contexto que permite que este grupo central se forme é um processo de profunda escuta - escutando o que a vida os chama e aos outros a fazer.

2. Cossentir: ir para lugares de maior potencial; observar, observar, observar; ouvir com sua mente e coração abertos.
O fator limitante da mudança transformacional não é uma falta de visão ou idéias, mas uma incapacidade de sentir, isto é, para ver profundamente, agudamente, e coletivamente. Quando os membros de um grupo vêem juntos com profundidade e clareza, tornam-se conscientes de seu próprio potencial coletivo.

3. Co-presencing: ir para lugares de quietude individual e coletiva, abrir-se para a fonte mais profunda do conecimento e conectar-se com o futuro que quer emergir por você.
A essência do presencing é a experiência da vinda do novo e da transformação do velho. Uma vez que um grupo atravessa este limite, nada permanece o mesmo. Membros individuais e o grupo como um todo começam a operar com um nível elevado de energia e senso de possibilidade futura. Muitas vezes, eles então começam a funcionar como um veículo intencional para o futuro que eles sentem que quer emergir.

4. Cocriação: construir pistas de pouso do futuro prototipando microcosmos vivos para explorar o futuro na prática.
O protótipo não é a fase que vem após a análise, é parte do processo de sentimento e descoberta em que explorarmos o futuro fazendo em vez de pensando e refletindo.

5. Codesenvolvimento: codesenvolver um ecossistema de inovação maior e manter o espaço que conecta pessoas através de fronteiras pelo ver e agir a partir do todo.
O movimento de codesenvolvimento resulta em um ecossistema de inovação que conecta iniciativas de prototipagem de alta alavancagem com  instituições e  grupos que podem ajudar a levá-las ao próximo nível de direção e escala.

Esse mapeamento mental permite ampliar a compreensão do outro desde o meu lugar. Daí compreende-se o porque do, se não há modificação no sentimento, é difícil modificar o resto. Portanto, a solução alternativa está justamente na mudança do sentimento, ultrapassando associações mentais.  Scharmer define isso assim: "aprender com o futuro a medida que ele emerge".



Para tal, é necessário a mente aberta, o coração aberto e a vontade aberta, indo contra os inciais julgamento, distanciamento emocional e medo.












*Teoria U - Como Liderar Pela Percepção e Realização do Futuro Emergente - Scharmer, C. Otto



Para saber mais:

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