Segundo Scharmer, existem diversos tipos de problemas gerados pelas situações complexas:
- dinâmicos, que ocorrem devido ao resultado lento da ação. Um exemplo é a poluição. Se pararmos de poluir hoje, o resultado da ação só será visto em anos, dificultando a compreensão.
- sociais, nos quais há dificuldade de comunicação entre as partes.
- generativos, situações em que não é possível identificar o erro.
Para cada um desses problemas, Scharmer oferece uma solução distinta:
- para os problemas dinâmicos, estão as soluções sistêmicas: na quais você busca compreender o funcionamento do sistema para poder entender os resultados.
- já os problemas sociais encontram soluções inclusivas. Surpreendentemente, Scharmer afirma que quanto mais pessoas envolvidas, há maior diversificação e... aumento na cooperação!
- os problemas generativos têm solução emergente... que são trazer o futuro pro agora.
E é justamente no trazer o futuro para o agora que mora o "pulo do gato" da teoria U! Em contraposição à todos os modelos existentes, a teoria U oferece o futuro, e não a simples análise do passado, como resposta. No final da compreensão da teoria, mesmo numa versão simplificada feito a que ofereço aqui, a máxima "não espere resultados diferentes se vocês sempre age da mesma forma" faz todo sentido.
A mudança ofertada pela Teoria U é baseada em três fases: SENTIR, PRESENCIAR e REALIZAR. O sentir vem da observação sem preconceitos da realidade. O presenciar, da capacidade de trazer soluções alternativas, além das superficiais. E o realizar é a capacidade de implementar essa mudança.
Para isso é necessário focar em três coisas: os eventos, que são O QUÊ ocorreu, o que aparece na superfície. O processo, que são COMO as coisas ocorreram. E a vontade, para identificar QUEM realizou as ações.
Assim, compreendendo eventos, padrões e modelos, é possível realizar um mapeamento sistêmico. Assim como um iceberg, apenas 10% de tudo isso é o que vemos na análise normal das situações. Esses são os eventos.
Contudo, a Teoria U explica que nosso primeiro entrave está justamente no SENTIR, impedindo que avancemos para as outras fases. Isso porque somos incapazes de ouvir sem que tenhamos idéias pré-estabelecidas de prejudicarão a compreensão da situação. Para compreender o modelo, o primero tipo de ouvir é o DOWNLOAD, no qual atenção está em você mesmo. É a barreira incial. Ao invés de focar no evento, apenas, você compara aquilo aos seus preconceitos e modelos mentais, prejudicando entendimento. Apenas quando há um desapego disso é que realmente se escuta.
O foco passa a ser, nessa nova fase, que é a do SENTIR, é no que não se sabe, o que permite o início do diálogo, desvendendo os padrões de comportamento.
A fase seguinte é a da PRESENÇA, no qual o diálogo é cooperativo e é possível perceber os modelos mentais, que são os valores, e o foco é no sentimento. O sentimento é o que gera o futuro.
A partir daí é possível, de fato, AGIR, periódo no qual ocorre a mudança.
Esses passos todos são explicados pelos cinco passos da Teoria U:
1. Coiniciar: ouvir o que a vida o convoca a fazer,
conectar-se com pessoas e contextos relacionados a esse chamado, e convocar
constelações de atores sociais centrais que coinspiram a intenção comum.
No início de cada
projeto, um ou mais indivíduos-chave se reúnem com a intenção de fazer a
diferença em uma situação que realmente importa para eles e para as suas
comunidades. Como estão juntos em um grupo central, eles mantêm uma intenção
comum em torno de seu propósito. O contexto que permite que este grupo central se
forme é um processo de profunda escuta - escutando o que a vida os chama e aos
outros a fazer.
2. Cossentir: ir para lugares de maior potencial; observar,
observar, observar; ouvir com sua mente e coração abertos.
O fator limitante da mudança transformacional não é uma
falta de visão ou idéias, mas uma incapacidade de sentir, isto é, para ver
profundamente, agudamente, e coletivamente. Quando os membros de um grupo vêem
juntos com profundidade e clareza, tornam-se conscientes de seu próprio
potencial coletivo.
3. Co-presencing: ir para lugares de quietude individual e
coletiva, abrir-se para a fonte mais profunda do conecimento e conectar-se com
o futuro que quer emergir por você.
A essência do presencing é a experiência da vinda do novo e
da transformação do velho. Uma vez que um grupo atravessa este limite, nada
permanece o mesmo. Membros individuais e o grupo como um todo começam a operar
com um nível elevado de energia e senso de possibilidade futura. Muitas vezes,
eles então começam a funcionar como um veículo intencional para o futuro que
eles sentem que quer emergir.
4. Cocriação: construir pistas de pouso do futuro
prototipando microcosmos vivos para explorar o futuro na prática.
O protótipo não é a fase que vem após a análise, é parte do
processo de sentimento e descoberta em que explorarmos o futuro fazendo em vez
de pensando e refletindo.
5. Codesenvolvimento: codesenvolver um ecossistema de
inovação maior e manter o espaço que conecta pessoas através de fronteiras pelo
ver e agir a partir do todo.
O movimento de codesenvolvimento resulta em um ecossistema
de inovação que conecta iniciativas de prototipagem de alta alavancagem com instituições e grupos que podem ajudar a levá-las ao próximo
nível de direção e escala.
Esse mapeamento mental permite ampliar a compreensão do outro desde o meu lugar. Daí compreende-se o porque do, se não há modificação no sentimento, é difícil modificar o resto. Portanto, a solução alternativa está justamente na mudança do sentimento, ultrapassando associações mentais. Scharmer define isso assim: "aprender com o futuro a medida que ele emerge".
Para tal, é necessário a mente aberta, o coração aberto e a vontade aberta, indo contra os inciais julgamento, distanciamento emocional e medo.
*Teoria U - Como Liderar Pela Percepção e Realização do Futuro Emergente - Scharmer, C. Otto
Para saber mais:
Nenhum comentário:
Postar um comentário