Até muito pouco tempo atrás eu desconhecia o termo "negócios sociais". Fui apresentada a ele em um momento em que buscava respostas e vou te contar que mudou meu entendimento de mundo, viu. Mesmo com o conceito formado e compreendendo bem diversos exemplos, vi muita resistência cada vez que eu tentei repassar a ideia. Ouvi gente falando "mas não é exploração isso?". Será que é?
Todo meu conhecimento básico sobre negócios sociais foi formado na Choice, uma conferência sobre o assunto que eu fui com a cara e com a coragem e que me abriu diversos caminhos. Assim que voltei de lá, escrevi um pequeno enorme texto (em 3 postagens já deu para perceber a minha prolixidade latente, heim?) sobre o assunto, e enviei para algumas pessoas. As fontes são os palestrantes do evento, que ocorreu em São Paulo entre os dias 18 e 19 de agosto desse ano.
Meu objetivo era quase o que eu tenho aqui, simplesmente contar para o mundo o que eu recém descobri. Prevejo uma centena de futuros posts sobre o assunto, porque hoje em dia sou uma feliz profissional da área de negócios sociais. Mas quem quiser entender o conceito e lidar com a minha prolixidade, eis-lo aqui:
"Vivemos um mundo de opulência sem precedentes, mas também de
privação e opressão extraordinárias. O desenvolvimento consiste na eliminação de
privações de
liberdade que limitam as escolhas e as oportunidades das pessoas de exercer
ponderadamente sua condição de cidadão" Amartya
Sem - Prêmio
Nobel da Economia 1998
Você nem sabe, mas existe, atualmente, a formação global de todo um ecossistema de negócios sociais. Os atores dessa nova rede são diversos, e variam entre empreendedores, gestores, investidores, acadêmicos, pesquisadores e organismos multilaterais, além de uma mídia interessada em promover esse ecossistema social. São pessoas que se encaixam no perfil daqueles que não esperam o governo iniciar o processo, mas que buscam criar, por conta própria, canais de colaboração.
Os negócios sociais repensam os modelos atuais de empreendedorismo, buscando a criação de iniciativas cujo impacto social vai além da geração de emprego e das externalidades positivas inerentes de qualquer negócio. O objetivo aqui é a formação de uma sociedade verdadeiramente desenvolvida. Busca-se, enfim, a evolução da sociedade, resolvendo os desequilíbrios. É formando, portanto, um modelo híbrido de negócio, um terceiro setor com fins lucrativos, o serviço em prol do serviço social, o chamado setor dois e meio (não é nem o segundo-setor, de serviços, e nem o terceiro-setor, de ONGs).
Os negócios sociais, antes de tudo, devem ser sustentáveis. Nele, o cidadão é um ator corporativo, buscando uma inovação bottom-up, solucionando problemas. A sustentabilidade se dá em duas vias, a primeira por fazer bem à sociedade, e posteriormente, pelo negócio ser autossustentável. Busca-se a eficiência ecológica e social, que já começa, desde o início, com tecnologia limpa e com responsabilidade social. Não é menos pior, é, literalmente, melhor.
Hart e Prahalad, em 2002, afirmaram que o mundo corporativo deveria olhar para a base da pirâmide social (classes C, D e E) para ter acesso a um mercado consumidor de 4 bilhões de pessoas. É esse mesmo mercado que se oferece aos negócios sociais, com a diferença que o empreendedor social tem interesse em promover a transformação. O propósito é promover impacto social claro e tangível, com mais agilidade e abertura às inovações do que as corporações jamais fariam. O que realmente importa, no caso, é como o lucro é atingindo.
Hart apresenta o “the sustaintable value portifolio”, que é um guia para a formação dos negócios sociais.
- Tecnologia
limpa:
·
Desenvolvimento de novas competências
·
A busca por inovação
-
Base da pirâmide:
·
Encontrar as necessidades do mercado
·
Criar modelos de negócio inclusivos
- Prevenção de
poluição
·
Minimizar o desperdício
·
Aumentar a produtividade dos recursos
- Vida dos
produtos
·
Diminuir o impacto do uso do produto no
meio-ambiente
·
Aumentar transparência/accountability no processo econômico
O negócio
social não se baseia na formação de mercado de demanda, mas em responder às
necessidades da base da pirâmide. Não se busca apenas que o consumidor compre,
mas que o preço seja, de fato, acessível. São, portanto, mercados formados
pelas necessidades já existentes nessas comunidades, que sirvam de plataforma a alguma outra
mudança social, otimizando o impacto. O foco é o atendimento às necessidades de
todos os seres vivos, não apenas dos consumidores. Objetiva-se, assim, o bem
comum. O produto ou serviço tem verdadeiro valor ético, por ser socialmente e
ecologicamente responsável baseado na ideia da tripple bottom line (foco ambiental, social e econômico).
A meta dos negócios sociais no Brasil é, portanto, melhorar as qualidade de vida das classes C, D e E, gerando lucro para que os empreendimentos sejam sustentáveis. A tendência desse novo modelo de negócio é focar na inovação, oferecendo alternativas diferentes para essa busca pelo impacto social.
A meta dos negócios sociais no Brasil é, portanto, melhorar as qualidade de vida das classes C, D e E, gerando lucro para que os empreendimentos sejam sustentáveis. A tendência desse novo modelo de negócio é focar na inovação, oferecendo alternativas diferentes para essa busca pelo impacto social.
3 comentários:
Puxa, pensar nos outros, noa visar apneas o lucro, que bacana! Mas não entendi porque as pessoas pensariam que isso é exploração. =S
pelo foco ser a base da piramide e não via assistencialismo, mas por um
negócio com objetivo de lucro.
Esse nosso capitalismo animal, sempre visando lucro, senão não serve né? Não conseguem enxergar lucro em fazer o bem, em fazer prosperar o proximo tbm.
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